quarta-feira, 20 de novembro de 2024

A Lingua Brasileira de Sinais/LIBRAS e suas especificidades sociais

 

É de fundamental relevância iniciar o trabalho proposto destacando a importância dos pais ouvintes de filhos surdos superarem o preconceito ou a ilusão de que seus filhos voltarão a ouvir ou se igualarem aos ouvintes e estabelecerem a Língua de Sinais em suas comunicações, logo que identificada a surdez para o desenvolvimento psíquico-social dos mesmos. Os pais como protagonistas da educação de seus filhos necessitam com muita consciência de classe reconhecer a Libras como a língua materna dos surdos e buscar os seus direitos garantidos por lei por uma educação inclusiva, pois a utilização da Língua de Sinais é a principal forma de preservar a identidade das pessoas e das comunidades surdas.

A contribuição familiar e social para a valorização da cultura surda é a utilização consciente da Libras, ou seja, jamais ser inserida como um “plus social” para atender o surdo e muito menos, uma pesudojustificativa de ensinar a língua portuguesa e torna-lo oralizado, mas acima de tudo, para o seu fortalecimento identitário e de sua inclusividade. A Libras deve ser aplicada sem reservas na sociedade para que por meio da linguagem dos surdos aumente a evolução cognitivas e conceituais dos mesmos, fazendo que as suas experiências com a realidade vivida sejam desenvolvidas e o acesso à cultura e o conhecimento os integrem a coletividade.

Língua   Brasileira   de   Sinais/LIBRAS, é   a   língua   de   sinais   reconhecida   por lei Nº   10.436,   24/04/2002)   como   meio   de   comunicação   e expressão   de   comunidades   de   surdos   do   Brasil. Não obstante, a obrigação de ressaltar que a lei obrigada colocar a LIBRAS no grupo das línguas do Brasil. A Linguagem Brasileira de Sinais (LIBRAS) desempenha um papel fundamental na promoção da acessibilidade e comunicação eficaz para a comunidade surda no Brasil. Na obra literária Uma Viagem pelo Mundo dos surdos, o neurologista e escritor Oliver Sacks afirma que:

"Os surdos podem comunicar-se mais facilmente e com maior precisão pela Língua de Sinais, porque o cérebro deles se adapta para esse meio e, se forçados a falar, nunca conseguirão uma linguagem eficiente e serão duplamente deficientes."

É indispensável a promoção da Libras, pois a mesma é   uma   língua   de   um   povo, e   por ser uma língua é viva, autônoma, tem que ser reconhecida pela linguística para ser valorizada e acessível a todos. Só assim, haverá uma comunicação com empatia social e uma sociedade mais justa e inclusiva.

A comunicação dos surdos é gestual-visual e é rica e diversificada, por isso, entre os 5 parâmetros da formação da língua de sinais/LIBRAS – configuração das mãos, ponto de articulação, tipos de movimentos, orientação das mãos e expressão facial – destaco a expressão facial como uma importante mediação para que a linguagem da Libras efetive a comunicação dos surdos, pois é ela também que servirá para a organização e a expressão do pensamento, a construção de conhecimento e a identidade pessoal e cultural. A expressão facial não é um acessório estético, mas um componente fundamental da Língua Brasileira de Sinais (Libras).

A expressão facial desempenha um papel crucial na comunicação eficiente e clara por várias razões:

-  Complemento ao significado:  amplificam os sinais, ajudando a transmitir emoções, intenções e a atitude do emissor;
- Gramática e Sintaxe: o uso do corpo são essenciais para indicar aspectos gramaticais, como a formulação de perguntas, negações e exclamativas;

- Intensidade e Ênfase: uma expressão facial pode modificar o significado de um sinal, indicando, por exemplo, se algo é feito com mais ou menos intensidade, ou se um sentimento é mais forte ou mais leve;

- Contexto e Clarificação: ajudam a esclarecer o contexto de uma mensagem, eliminando ambiguidades que poderiam surgir apenas com o uso dos sinais manuais;

- Engajamento e Relação Interpessoal: facilitam a conexão interpessoal e a empatia, tornando a comunicação mais natural e engajada.

Dois exemplos de Expressão Facial na LIBRAS:
- Interrogação: Levantar as sobrancelhas e inclinar ligeiramente a cabeça;
- Negação: faz um leve movimento de cabeça de lado a lado e faz uma expressão de desaprovação com a boca.

Portanto, a linguagem corporal é parte constitutiva   da comunicação   que precisamos ressaltar em muito porque é ela que proporciona a formação e a informação sobre a identidade, às emoções   as   reações   das   pessoas. Na Língua de Sinais a expressão facial é um fator essencial e de afetividade, pois o   surdo   apreende   o   todo   ao   seu   redor   pela experiência da visão, visto que a surdez unicamente visual (SKLIAR, 2001)

 

Fontes:

https://www.gov.br/planalto/pt-br/acompanhe-o-planalto/noticias/2021/08/educacao-bilingue-de-surdos-se-torna-modalidade-de-ensino-independente

https://www.camara.leg.br/noticias/774138-projeto-classifica-educacao-bilingue-para-surdos-como-modalidade-de-ensino/

https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/L14191.htm

SKLIAR, Carlos. A surdez: um olhar sobre as diferenças. 2ª edição. Porto Alegre: Editora Mediação, 2001.

SACKS, Oliver. MOTTA, Laura Teixeira (Trad.). Vendo vozes: uma viagem ao mundo dos surdos. São Paulo: Companhia das Letras. 2010.

https://uva.grupoa.education/sagah/object/default/93230297

 

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