quarta-feira, 20 de novembro de 2024

A polêmica dos índios pirahãs: existe mesmo uma gramática universal?

     

A gramática universal das línguas naturais desenvolvida pelo linguista Naom Chomsky é concebida como o conhecimento inato da espécie humana para aquisição da língua materna, ou seja, todas as línguas naturais além de orientadas por princípios comuns e universais, elas estão gravadas no cérebro. Segundo Chomsky, o linguista norte-americano, todos os seres humanos nascem com uma capacidade de obter linguagem. Por essa razão, temos a convicção de uma gramática universal (GU) como algo sedutor, mas inteiramente controverso quando constatamos a força criativa e diversa da linguagem, após os estudos linguísticos de Daniel Everett. 

Em contraposição, temos a teoria do linguista Daniel Everett que defende a existência da língua e o seu funcionamento dentro do contexto da cultura. Para ele, a língua é parte da cultura, que determina grande parte de sua conformação, inclusive a gramatical. Ou seja, para ele a força criativa da linguagem não se encontra nas orações, mas no discurso – a linguagem em ação, a língua utilizada pelo falante. Everett percebe a partir da sua pesquisa, após a convivência próxima com o povo Pirahã e a sua realidade cultural, que a linguagem não é um conjunto de sentenças como afirma a teoria Chomskyana, mas a compreensão da diversidade linguística e da relação entre linguagem e cultura. A linguagem não é inatista, mas um resultado da cultura, uma construção cultural, que atende e é modelada pelas necessidades das comunidades. Por conseguinte, a gramática não poderá ser fixa e universal, mas totalmente flexível e adaptável ao contexto cultural e se torna uma ferramenta social.

Podemos concluir, que enquanto Noam Chomsky, de certa forma arbitrariamente, conclui que a linguagem é inata e universal, Daniel Everett nos desafia a superarmos o conceito de linguagem como uma estrutura profunda e superficial para uma linguagem estruturada e moldada pelo contexto cultural e relativo. Isso implica no fator de que a linguagem é evolução, representando um desafio à visão tradicional da linguística criando novas perspectivas para a compreensão e a empatia da diversidade linguística.

Deixo como contribuição uma entrevista que nos ajuda a conhecermos um pouco mais do Linguista Daniel Everett pelo jornalista Pedro Bial:

Linguista Daniel Everett desafia teoria da gramática universal em livro

Em 2005, Everett ganhou fama ao publicar um artigo que questiona os princípios da teoria da gramática universal de Noam Chomsky, conhecido por muitos como o ”papa da linguística”. A teoria de Chomsky defende que já nascemos com a habilidade de forma inata, como um dom genético.

https://globoplay.globo.com/v/8926068/

 

Fontes:

https://www.blogs.unicamp.br/linguistica/2020/01/10/noam-chomsky-e-o-funcionamento-da-linguagem-menos-e-mais/

https://portal.unicap.br/-/unicap-recebe-linguista-americano-que-desafia-chomsky

https://www.revel.inf.br/files/ce8601463eb68737b653e5ddde2d7421.pdf

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